Em meio às oscilações do mercado
financeiro, aumento expressivo do dólar, demissões em massa e queda de
produtividade em diversos setores da economia brasileira, o segmento fitness
continua em ascensão. A venda de suplementos teve alta de 10% em 2014. Para
este ano, a previsão é ainda mais otimista: dados da Associação Brasileira das
Empresas de Produtos Nutricionais (ABENUTRI) sugerem crescimento de até 14% em
2015. As projeções são impulsionadas pelo crescente número de academias e,
principalmente,por um consumidorcada vez mais ligado em saúde e bem-estar.
De olho nesse cenário, as empresas
continuam investindo pesado em marketing e publicidade. Somente na
ExpoNutrition 2014 foram mais de 100 expositores.E este ano promete ainda
mais.
A Revista Endorfina quis saber o que
motiva o consumidor a procurar mais produtos da linha fitness. Entrevistamos
fisiculturistas, atletas, empresários e fabricantes, que nos contaram tudo
sobre suas experiências no ramo, as novidades do mercado, os investimentos no
setor e, claro, suas expectativas para o futuro. O resultado você confere
abaixo:
"A melhor época para se comprar suplementos"
Fabrício Rios é usuário de suplementos
há mais de dez anos. Fisiculturista desde 2011, já participou de várias
competições da modalidade. O atleta é enfático ao dizer que é a primeira vez
que não falta nenhum suplemento na sua dieta.
"Pra mim sempre foi normal fazer
dieta 'pela metade'", confessa. "Até bem pouco tempo atrás, era muito
difícil ter todos os suplementos necessários pra conseguir ser regrado. Mas,
felizmente, já não é mais assim. Nos últimos anos, tanto o número de
fabricantes quanto de lojas aumentou bastante, então sempre é possível
encontrar um produto de qualidade com preço justo", aponta.
"O mercado nacional também evoluiu
muito. Produtos de alta qualidade que antes você só conseguia pedindo pra
alguém trazer de fora, hoje já são encontrados em abundância nas prateleiras
das lojas brasileiras. Até mesmo os fabricantes nacionais, que antes produziam
suplementos considerados inferiores aos americanos, ficaram mais competitivos
nesse quesito. É, sem dúvida, a melhor época pra se comprar suplementos.",
conclui Rios.
Proprietário da loja Nutristore
Campinas, o empresário Fábio Forte tem uma opinião parecida. "Com um
número cada vez maior de fabricantes, as marcas tradicionais precisaram
melhorar suas condições pra não perder espaço. Com isso, tanto prazos de
pagamento quanto os próprios preços dos produtos ficaram muito mais
competitivos. Um ganho para nós, empresários, e um ganho maior ainda para o
consumidor, que pode comprar mais produtos por um valor mais baixo.",
afirma.
Segundo Fábio, o mercado de produtos
importados já é motivo de preocupação: "Com a súbita alta do dólar, até
mesmo os produtos de fabricação nacional que contém algum tipo de matéria prima
importada tendem a subir muito de preço. Se o produto for de um fabricante
americano ou europeu, o aumento pode ser ainda mais agressivo.",
frisa.
"O mercado brasileiro é fantástico"
O Vice-presidente da ABENUTRI e Diretor
da GT Nutrition, André Joyce Cunha, afirma que o mercado brasileiro segue a
tendência mundial de crescimento. "Hoje em dia, as pessoas estão muito
mais ligadas em qualidade de vida. Por isso, tudo que está relacionado a
qualidade de vida e bem-estar tem um apelo muito forte.", comenta.
"A suplementação alimentar
consegue conjugar vários benefícios em um único segmento. É possível melhorar a
saúde e cuidar também da estética.", aponta. "Nesse sentido, o
mercado brasileiro é fantástico: o consumidor nacional não apenas busca um
corpo e mente mais saudáveis, mas também quer entrar em forma e melhorar a
aparência.", enfatiza.
Quando perguntado sobre a economia
atual, André explica que a marca fez diversas melhorias nos últimos anos, o que
lhes permite continuar funcionando à todo vapor mesmo no atual momento de
crise. "Há dois anos, a GT Nutrition otimizou toda a sua logística. Alguns
produtos que já vinham envasados dos Estados Unidos agora vem à granel, nos
possibilitando realizar o envase aqui mesmo. Com isso, os custos de transporte
e importação diminuíram muito.".
O diretor é otimista: "À medida
que os efeitos da crise se dissiparem, será possível fazer novos investimentos
e continuar crescendo." Mas faz ressalvas: "É preciso urgente
flexibilizar a lei de suplementação e atualizá-la para o século 21. Só assim
será possível manter o mercado brasileiro competitivo.", conclui.
"O BRASIL TEM MAIS POTENCIAL DE
CRESCIMENTO QUE OS EUA."
"Boa parte dos brasileiros
acredita que suplementos alimentares são feitos apenas para as pessoas que
querem ficar muito fortes ou muito definidas.", comenta Gustavo
Hohendorff, gerente nacional de vendas da Carduz. "As pessoas precisam entender
que os suplementos ajudam não apenas a melhorar a estética, mas promove uma
melhora substancial na saúde. O grande desafio do nosso mercado é justamente
esse: fazer com que as pessoas percam de vez o preconceito e confiem cada vez
mais no nosso produto.", pontua.
"A marca acredita, e muito, no
potencial do mercado brasileiro. O Brasil tem mais potencial de crescimento que
o próprio mercado americano, que é o maior do mundo.", comenta Gustavo.
"O que é preciso é educar mais o consumidor para ampliar a aceitação dos produtos.
Além disso, é necessário tornar a suplementação alimentar cada vez mais
acessível, com preços mais justos e uma distribuição maior e melhor.",
ressalta.
Hodendorff diz que os fabricantes
também precisam fazer a sua parte. "É preciso investir na formação de
profissionais mais qualificados para construirmos um mercado cada vez mais
sério e confiável, com produtos de cada vez melhores.", finaliza.
"Está bom, mas é preciso melhorar
ainda mais.”
Alexandre Nasser, diretor de marketing
da New Millen, concorda que o mercado cresce surpreendentemente ano após ano,
mas reitera que ainda tem muito a melhorar. "É preciso urgente uma
regulamentação específica. As autoridades sanitárias precisam entender que este
já é um nicho bem formado e estruturado, e que a cada dia que passa, temos mais
e mais usuários de suplementos.", observa.
Lançamentos em busca de inovação e
excelência são constantes na New Millen, segundo Nasser. Em 2015, a principal
novidade foi a linha gourmet, apresentada na ExpoNutrition 2015. Para o diretor
de marketing, o ritmo poderia ser ainda maior se o segmento fosse encarado com
mais seriedade pela autoridade responsável. "É preciso não apenas
regulamentar o mercado, mas ter uma fiscalização muito mais eficiente. O
consumidor precisa saber que o que ele está consumindo é seguro e de qualidade
certificada.", afirma.
Nasser também explica que os
fabricantes nacionais melhoraram muito nos últimos anos,conquistando cada vez
mais a preferência do brasileiro. "Os suplementos nacionais não perdem em
nada para os suplementos americanos ou europeus,pelo contrário: muitas vezes
são até superiores. O segmento só precisa ser levado mais a sério.",
sugere.
"Proteínas, o verdadeiro
carro-chefe."
O mercado esportivo brasileiro segue em
franco crescimento e um dos principais elementos que contribuem pra isso, sem
dúvida, são os hiperprotéicos. Visando melhorar sua qualidade de vida e
aumentar o tônus muscular, o brasileiro tem buscado elevar seu consumo diário
de proteínas e reduzir a ingestão exagerada de carboidratos. Como resultado, a
busca por produtos à base de proteína, principalmente Whey Protein, aumentou de
maneira exponencial. Apenas no ano de 2014, essa linha de produtos correspondeu
a 67% de todas as vendas do segmento. E não vai parar mais: a previsão é que no
ano de 2019, esse valor chegue a impressionantes
70%.
"Ainda muito a crescer."
Atualmente, o faturamento do mercado
brasileiro de suplementação chega a US$ 320 milhões por ano, com cerca de 2,5
milhões de consumidores. São impressionantes 250 marcas diferentes. Sem dúvida,
números impressionantes, mas que não chegam nem perto do mercado americano: nos
Estados Unidos, o segmento chega a faturar US$ 4 bilhões ao ano, e têm quase
dez vezes mais fabricantes: cerca de 2 mil. São mais 50 milhões de pessoas que
usam algum tipo de produto ligado à nutrição esportiva.
